Quando acordou estava na
cama de um hospital. Havia um homem
sentado numa poltrona no canto do quarto próximo a ele e outro próximo à porta.
Bom dia Steve. Era
Mike. Poderíamos conversar um pouco?
O que aconteceu? Indaga Steve.
Primeiro você ficou inconsciente a
caminho do hospital. Perdeu uma quantidade razoável de sangue. Mike diz com um cenho sério. Segundo que
você nos deve uma explicação sobre o roubo da pedra.
Steve lembrou-se dessas
palavras já pronunciadas mais cedo. Percebeu que não era apenas um sonho. Fora
descoberto. Seu inferno estava apenas começando a partir dali. Seu tio acabaria
morrendo. E a culpa era dele.
Seu amigo Fred nos adiantou que você era o cabeça do
esquema. Ele disse que você planejou tudo, invadiu o sistema e enterrou a
pedra.
Steve se altera. Não acredito que esse
desgraçado fez a cabeça dos outros novamente! Ele estava furioso. Como é que vocês não percebem
que foi ele quem armou tudo. Eu só fui um boneco nas mãos dele. Eu e... Steve
se deteve, percebera que Mike não citara Tânia. Talvez porque ele ainda não
soubesse de sua existência.
Você e quem? Mike percebe que
Steve hesitou a responder.
Eu e... - pensou - meu ego.
Sou muito descontrolado quando alguém me desafia. Sinto vontade de provar que
sou capaz só para acabarem com as especulações. Steve responde torcendo para que Mike acreditasse em suas palavras.
Esta bem. Vejo que ainda está um tanto
quanto atordoado. Mike pareceu ter acreditado naquelas palavras de Steve. Vou pedir para a enfermeira trazer seu café. Mais tarde volto
para conversarmos.
E o senhor não tem medo de que eu fuja
daqui assim como fez o Fred? Steve o questiona enquanto ele se dirige até a
porta. E por falar nele, onde está?
O senhor não está em condições de
perguntar sobre seu amigo, não acha? Responde. E não. Eu não tenho medo. E sabe por quê? Por que se o senhor o fizer, uma tropa inteira de policiais o aguarda lá
embaixo no saguão do hospital. A não ser que o senhor saiba voar, não terei
preocupações alguma com sua fuga. Ironiza a pergunta de Steve sorrindo
levemente e levantando sua mão e estendendo-a em direção a janela apontando-a.
Steve
ficou vermelho de raiva com as palavras sarcásticas de Mike e o vê saindo do
quarto. Voltou seus olhos em direção ao criado ao lado da cama e pegou o
controle remoto da TV e a ligou para distraí-lo um pouco. Nela, estava sendo
exibido o jornal local com suas notícias. Falava do roubo da pedra e que a
policia já havia pego dois suspeitos do crime.
Sentiu que sua garganta estava seca como o deserto. Não
bebera coisa alguma desde o dia do roubo. Tudo que almejava naquele instante
era um copo com qualquer líquido desde que estupidamente gelado.
Passado um tempo, uma enfermeira loira
adentrou ao quarto com seu café. Ela estava com a cabeça um tanto baixa, mas
pode perceber que era linda.
Tão linda e cheia de curvas quanto a minha querida de parar o
transito. Pensava Steve. Parece a minha menina.
Parou o carrinho ao lado da cama e
colocou a bandeja do seu café da manhã em seu colo. Aqui está seu suco senhor.
Também temos um pão de ervas recheado com queijo. Ele tomou o suco como num
gole só enquanto a enfermeira permanecia parada ao seu lado. Pegou um pedaço do pão e o levou até
sua boca quando percebeu a enfermeira levantar sua cabeça mostrando-lhe seu
rosto.
Tânia! Steve falou surpreso. O
que faz aqui!? Eles não a viram ontem, na verdade nem eu a vi. Quando levei o
tiro, olhei em volta, mas não a vi. Onde esteve? Você corre perigo vindo aqui
para me ver! Steve derrama uma
série de questionamentos em cima de
Tânia.
Shhh! Ela faz sinal para ele baixar o tom da
voz. Ora Steve, o que você acha que eu faço aqui? Você contou a eles sobre
minha existência? Tânia pergunta com ar suspeito.
Claro que não! Quero te proteger. Steve continua. Inclusive gostaria de pedir
desculpas por qualquer dúvida que passou pela minha cabeça sobre você. Eu
deveria saber que você jamais iria ser capaz de fazer aquilo tudo que Fred
disse.
Pois é, não é Steve. Você ainda teve dúvidas
quanto minha pessoa. Tânia diz esboçando um sorriso.
Você sabe sobre o Fred? Indaga Steve enquanto da
uma dentada em seu pão de ervas.
Ah, não se preocupe. Este não incomoda
mais.
Como ‘axim’? Diz com a boca cheia
de pão.
Não devia ter tomado todo o suco de uma só vez. Pensou. Agora vou ter
que comer esse pão seco!
Fui visitá-lo na cadeia. Ele parecia um
tanto arrependido coitado, mas ficou logo irado quando lhe mostrei isto aqui.
Veja. Tânia puxa do seu bolso a joia
roubada. Linda ela, não acha?
Tânia! O que faz com esta pedra? Steve pergunta incrédulo em
vê-la na posse de Tânia dentro de um hospital repleto de policiais. E o que
Fred faz na cadeia? Ele não estava ferido? Porque não veio para o hospital
também?
O que você acha? Eu a desenterrei ontem
antes de encontrar vocês. Sabia que você viria e sabia que Fred também
apareceria. Tudo fazia parte do plano. Responde sem dar importância às outras perguntas feitas.
Plano? Steve parece confuso novamente.
Sim. Fred havia pensado em
tudo, menos que eu tentaria matá-lo.
O QUÊ?! Steve espantado não
acreditou nas palavras que acabara de ouvir.
Exatamente. Deixe-me lhe contar
uma breve história. Tânia diz
recostando-se no pé da cama de Steve. Fred e eu saímos daquele museu com a
pedra e a enterramos próximo do local. Seria fácil demais reavê-la, pois não
pensariam em procurá-la tão perto assim. E eu tenho alguns contatos, não é mesmo.
Logo após isso traçamos um plano para eliminá-lo. Eu sei que você é fraco e
sempre cede por pressão. Eu fingi estar do lado de Fred. Até simulei uma briga
com ele na estação de trem. Ele diz que o tiro foi errado, e foi mesmo, era para
ter sido mortal, mas não se preocupe, pois como disse, já o visitei na cadeia e
ele não nos trará mais problemas.
Como assim? Indaga assustado temendo pelo pior.
Calma, logo você saberá.
Por que você fez isso Tânia? O que
ganhará com isso?
É serio esta pergunta Steve? Tânia o questiona com um tom irônico. É muito claro
o que eu tenho a ganhar não acha? Sou rica agora! Tenho em mãos uma pedra
que vale muito dinheiro e nenhum policial sabe de minha existência no roubo.
Você ainda tem dúvidas sobre o que estou ganhando?
Você não sairá daqui ilesa Tânia. Eu vou
contar tudo!
Ela começa a rir sarcasticamente. Você acha
que também não pensei nisso, meu querido?
Neste
momento, Steve sente sua cabeça pesar. Sua visão começa a ficar desfocada e
escurecida. Sua fala começa a falhar. Seu peito dói. Os pulmões começam a
sentir a falta de ar. O corpo começa a tremer sentindo calafrios. As
articulações parecem estar travadas. O ar que lhe atinge aos pulmões já não é mais
o suficiente para mantê-lo consciente.
Fui envenenado! Sua desgraçada! Mas como? Indaga Steve.
Tânia
começa a gargalhar. Está tentando descobrir como, docinho? Pergunta. Você não se lembra do que aconteceu aqui quando entrei?
O suco! Steve tem um súbito estalo na mente.
Isso mesmo, meu bem. O suco não
estava delicioso? Tânia fala em gargalhadas. Bom, agora deixe-me ir,
pois tenho muito a fazer. Passagens a comprar. Vida nova a levar. Adeus meu amor,
foi muito bom o tempo que passamos juntos. Diz enquanto alisa o rosto ofegante de Steve pelo efeito do
veneno.
Ele
sente cada vez mais a falta de ar. Os batimentos do seu coração tomam um ritmo
cada vez mais acelerado e descontrolado. Seu corpo começa a tremer por inteiro.
Tânia se afasta cada vez mais da cama em direção à porta. Seu sorriso no rosto
tinha uma expressão demoníaca.
Ao chegar à porta do quarto, Tânia se
vira e manda um beijo em direção a Steve que, por sua vez, sente seu corpo
abandoná-lo. Os aparelhos começam a apitar freneticamente. Os enfermeiros ouvem
o som avassalador e correm em direção ao quarto. Tânia já o deixara a beira da
morte quando entrou no elevador.
Antes que a porta se fechasse por completo, teve uma
última visão dos médicos e enfermeiros atropelando a porta do quarto de Steve
para salvá-lo.
Durante a descida até o térreo,
retirou sua peruca loira e se despiu da roupa de enfermeira revelando a roupa
de uma simples garota visitante que usava jeans e uma camisa branca sem manga.
A porta do elevador se abriu e ela saiu.
Caminhou lentamente por entre os policiais que estavam no saguão até a porta
principal do hospital. Alguns até cessaram suas conversas para ver o desfilar hipnótico
daquele par de pernas lindas e cintura fina. O balançar daqueles quadris
encorpados e seios fartos eram de pura sedução. Estava se sentindo no ápice da beleza e desejo.
Lá fora, o carro roubado de Fred a aguardava
estacionado logo ao lado do prédio do hospital.
Desceu as escadas e foi ao encontro do
carro que já estava ligado, pronto a sua espera. Abriu a porta do carona e
entrou.
E ai. Tudo resolvido?
Sim.
Muito bom meu amor. Sabia que poderia
contar com você.
Claro. Eu não falho nunca. Agora vamos
embora daqui Mike. Esta cidade me traz tristes lembranças.
FIM
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