Capítulo X

Na manhã seguinte, como combinado, Steve e Tânia aguardavam em frente à porta principal da empresa do seu tio. Meu tio vai me matar se descobrir que invadi sua empresa que tanto ama. Enquanto ele está à beira da morte em uma cama de hospital, eu estou aqui esperando para planejar um roubo. Ele está atrasado quase duas horas! Disse Steve andando de um lado a outro. Estava ficando cada vez mais ansioso com aquela espera.
Invadir? Tânia rebate as palavras de Steve. Não era isso que você me dizia quando me trazia aqui para passarmos a noite!
Bom dia senhores! Fred os cumprimenta enquanto dobrava a esquina.
Qual o plano? Tânia pergunta impaciente.
Calma. Que tal entrarmos primeiro. Lá dentro é mais seguro. Disse à Tânia enquanto dava um sinal ao Steve indicando para que abrisse a porta.
Steve puxou o molho de chaves e procurou aquela que permitiria abrir a porta que por muito tempo sempre tivera orgulho de abrir, mas que agora daria tudo que podia para jamais possuí-la.
Ele abriu-a com um gesto de hesitação. Todos passaram pela porta e ele certificou-se de trancá-la novamente e deixou a chave pendurada, virada a meio caminho, a fim de que se alguém mais tivesse a brilhante ideia de comparecer à empresa, não conseguisse abrir a porta bloqueada pela chave.
Eles subiram as escadas a passos largos. Steve sempre a frente do grupo os conduzia até a sua sala.
Ao chegarem lá, Fred pediu a Steve para ligar o computador. Este relutou um pouco, mas logo puxou sua cadeira e o fez. Fred então solicitou uma pequena amostra da capacidade tão incrível que Tânia tanto enaltecia em Steve.
Com o computador já ligado e esperando algum comando, Fred solicitou para que Steve invadisse o sistema de comando dos correios e alterasse os códigos postais das ruas e avenidas.
E porque eu faria tal coisa? Indaga Steve.
Ah, eu sempre odiei essas combinações de números e letras. Elas só embaralham minha mente. Responde Fred com ar de riso.
Steve, sem entender o porquê daquele pedido, rapidamente invadiu o sistema e alterou os códigos com uma velocidade incrível. Era como se estivesse desenhando em um quadro negro pela tamanha facilidade com que lidava com os códigos codificados. Fred esboçava um olhar de satisfação como de um maníaco que conquistou seu desejo com sua vitima.
         Aí está! O que você quer que eu faça com o museu de história? Indaga Steve com pouco de desprezo por Fred que pareceu não se importar com as palavras do amigo.
Ótimo Steve. Exclama. Olhe, não quero nada de mais, apenas que você bagunce aquele sistema de segurança. Ouvi uma conversa do prefeito Mark com o delegado Johnson durante o festival de primavera. Havia acabado de chegar lá quando os vi conversando em frente à barraca de pastéis. Eu estava logo ao lado, na barraca dos bolos naquela hora em que deixei vocês dois conversando.
Estava satisfazendo-me com meu bolo sem me importar com nada.
Foi quando percebi que eles estavam muito próximos conversando. Parecia se tratar de algo confidencial. Então, tratei de me aproximar sem ser notado a fim de ouvir a conversa, e eu estava certo.
          Eles disseram que esse sistema tratava-se de um inovador com câmeras que ficariam em pontos estratégicos espalhados pelo museu. Quero que você faça com que elas parem de funcionar durante uns vinte minutos. Será que você consegue?
Não sei. Steve demonstra preocupação. Isso parece arriscado demais Fred. Eu nunca tentei tamanha façanha. E se eu falhar? E se eu não conseguir, ou conseguir por muito pouco tempo? Ou pior, e se eu for pego invadindo o sistema? Não sei... Não vejo porque continuar com este plano absurdo. Seremos pegos. Você está nos colocando em uma situação nada boa. Steve ainda tentava argumentar, mas nada adiantava. Fred estava convicto de que conseguiria realizar seu plano.
A conversa continuou por longas horas. Quando eles se dão conta já esta quase anoitecendo.
Tânia havia saído para comprar uma pizza para aliviarem a fome que estava quase tomada pela ideia de ficarem ricos.
        O que essa tal pedra vai nos favorecer? Pergunta Steve. É só uma pedra! Diz ainda tentando bolar outra forma de conseguir o dinheiro para salvar seu tio, mas parecia inútil. A cada hora que pensava nisso, percebia que não havia outra forma. Aquela era sua única alternativa.
        Você está maluco? Interrompe Tânia adentrando a porta com a pizza em mãos. Essa pedra vale muito dinheiro!
        Mas como teremos esse dinheiro? Steve parecia inocente na conversa. Não iremos conseguir vendê-la assim em qualquer esquina!
Consigo compradores facilmente Steve. Responde Fred. Quanto a isso não precisa se preocupar. Só precisamos falar, todos nós, a mesma língua. Fred diz enquanto da uma abocanhada em um pedaço de pizza. E quando estivermos com a pedra em mãos, vamos nos mandar desta cidade. Vamos para a Capital. Ficaremos milionários!
Steve apenas observava os gestos de Fred.
Pense Steve. Você poderá fazer tudo aquilo que sempre sonhou. Isso não é maravilhoso?
Não sei. Responde Steve com um tom de desprezo.
        Ah Steve, deixe de ser um velho ranzinza! Tânia retruca. Você já está me estressando com essa indecisão. Você sabe que precisa dessa grana, então pare de fazer charme e aceite logo que nós devemos fazer isso. É o melhor para todos!
        Steve sente seu sangue ferver pelas palavras de Tânia. Ele não queria que Fred soubesse sobre seu tio e, principalmente, odiava ser desafiado. Sentia-se inferior e menosprezado, considerado incapaz de realizar algo que pode realizar. O problema era que Tânia também sabia disso.
Está bem então. Vocês querem isso? Então estou dentro!

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