O tempo passa depressa. Três meses atrás eles eram como desconhecidos um para
o outro, mas agora Steve e Fred tornaram-se grandes amigos.
Certa vez, Steve passara por apuros com a empresa do
tio. Não conseguiam trabalho. Estavam em uma época de crise. Sem Steve saber,
Fred mandou elaborar com Evelyn, os quais saíram diversas vezes juntos, e até
mantinham um relacionamento aberto, alguns panfletos e cartões e distribuía-os
juntamente com as correspondências. Fez contatos com a cidade de onde veio.
Mandou alguns e-mails, junto de Evelyn, pois ele se considerava ignorante para
o computador. De certo, não sabia nem ligá-lo. Em pouco tempo, choveu trabalhos
para a empresa de Adam. Tanto que tiverem de aumentar o espaço físico e
contrataram mais gente. Quando se deram conta, alugaram o andar de baixo e
fizeram uma extensão da empresa. Steve e Adam estavam orgulhosos. Felizes por
terem voltado a todo vapor.
Quando Steve descobriu que foi Fred que o ajudara,
percebeu que este realmente era um grande amigo.
Ele o ajudou também, em outra ocasião, a levar Adam
para o hospital devido às dores de cabeça que aumentavam a cada dia, por falta
de cuidados com a saúde. Ele era muito centrado e dedicado à sua empresa que se
esquecia de cuidar de si. Sua visão andava bastante turva ultimamente. Os
óculos que usava já não o ajudavam a focar bem as coisas. Precisava trocar, mas
nunca tinha tempo para isso.
Neste dia Steve foi avisado do episódio quando estava
na empresa. Era manhã de um sábado, mas ele tinha um prazo de um trabalho que
estava quase no fim. Fora Fred que o avisou já no hospital. Disse que havia ido
até a casa de Steve para prosear, mal sabendo que Steve havia feito hora extra para terminar esse serviço sem mais atrasos, quando percebeu que estava tudo calado. Não
havia resposta à campainha que tocava. A porta estava destrancada. Achou melhor
adentrar e, logo que o fez, avistou o senhor Adam no chão da sala de estar.
Percebeu que seu amigo não se encontrava. Supôs que estivesse na empresa, pois
era lá que ele sempre acabava indo.
Rapidamente socorreu-o levando ao hospital. E de lá,
após todo o procedimento emergencial, ligou para Steve notificando-o do
ocorrido.
Fred demonstrou-se um ótimo amigo e companheiro de
saídas. Sempre saíam os três, de vez em quando quatro. Isso quando ele
convencia Evelyn de ter mais um dia de relação aberta. Ele era sempre o mais
atirado do grupo. Conseguia seduzir qualquer um com suas palavras, tendo em
troca tudo o que queria. Fossem ingressos para algum espetáculo da cidade, ou
uma garrafa de Gim. Steve logo percebera essa personalidade indutora. Aquela
pessoa que te induz a fazer algo que muitas vezes você era capaz de negar para
Deus e o mundo, mas que ele possuía um jeito único de dominar sua vontade e
fazer você escolher o que ele queria que escolhesse. Tânia a simpática, sempre
com um sorriso no rosto e Steve, o mais acatado e tímido.
Numa
noite de sábado os três estavam entornando varias garrafas de Gim, coisa que
faziam com certa frequência, e Tânia, já visivelmente atordoada pelo álcool,
revela o talento que Steve possuía com os computadores.
Ah, eu não
sei lidar com essas máquinas! Fred se
refere aos computadores. Eles têm aos
montes lá no correio, mas eu não gosto deles. Estão sempre tentando nos treinar
para esses troços, e eu não faço questão alguma. Prefiro o velho método de
cartas, papel e caneta mesmo.
Isso porque
você não sabe o que Steve é capaz de fazer. Tânia acrescenta. Ele sabe fuçar
nessas coisas. Eu lhe falo a verdade que sei somente o básico, mas ele, -aponta
para Steve que estava surpreso com a revelação da namorada- ele sabe fazer qualquer coisa que você quer.
Ele descobre senhas, invade um sistema, como é mesmo o nome Steve. Indaga
Tânia não se lembrando do nome. O efeito do álcool fizera perder a noção das
palavras. Co-di-fi-ca-do. É isso né!?
Steve não acreditara no que Tânia acabara de fazer. Do que você está falando Tânia? É melhor
para com o gim, pois já está corroendo sua mente! Fala tentando contornar o
assunto, mas Fred possuía um fascínio com esta revelação das incríveis
habilidades de seu amigo. Era possível ver o brilho em seus olhos. Steve ficara
com medo daquela reação do amigo.
Eu estou
louca, Steve? Para de ser medroso! Eu já disse que você tem um talento
grandioso. Isso precisa ser revelado ao mundo! Tânia grita.
Cale a boca garota!
Você não sabe o que está dizendo! Steve
se altera. Tânia sente seu rosto queimar
de ódio pelas palavras de Steve.
Esta
informação vale ouro, meu jovem amigo. Fred
diz quebrando aquele momento de raiva dos dois. Por que nunca me falou sobre isso?
E porque
haveria de dizer, Fred? Eu não acho que tenho todo esse talento ai. Só fico
mexendo, fuçando. E só aprendi por acaso. Steve justifica.
E que acaso
hein! Fred o interrompe. Se isso fosse uma consequência de um simples
acaso, quisera eu também poder ser vitima dele.
Steve não bebera muito naquela noite, mas ainda podia
sentir o álcool correr pelas suas artérias entorpecendo-o e fazendo-o cambalear
o corpo e embaralhar sua mente, diferente de Tânia que mal segurava a língua e
perdera totalmente a noção das consequências de seus atos.
Ainda nesta situação, era capaz de ter curtos lapsos
de lucidez. Mas é mentira Fred. Como lhe
falei antes, sou apenas um curioso. Fico tentando entender como essas coisas
funcionam. Ai, eu acabo aprendendo uma coisa ou outra, mas não é nada demais. Tânia
está exagerando a história.
Não estou
não! E nunca mais me mande calar a boca, ouviu!? Tânia se enfurecera com a forma que Steve gritara com
ela. Se você está tão certo de si, mostre
a ele então o que você sabe fazer, e deixe que ele - referindo-se ao Fred - decida
sobre o assunto.
Eu não tenho
que provar nada a ninguém, Tânia. Deixe de ser inconveniente! Olha, é melhor
mudarmos logo de assunto. Não estou nem um pouco a vontade com isso tudo. Steve não aguentava mais aquela conversa.
Fred, porém, parecia não ouvir nenhuma palavra que seu
amigo pronunciava. Estava com um brilho voraz em seus olhos. Perdidos em
pensamentos obscuros e questionáveis. Demonstrava uma expressão como se tivesse
descoberto uma caverna abarrotada de tesouros perdidos.
Enquanto
Steve e Tânia discutiam sem fim, e já estavam começando a apelar com palavras
ofensivas, Fred continuava imóvel. Demonstrava estar com pensamentos maléficos.
Provavelmente sobre a conversa que tiveram. Eis que a discussão é cortada com
uma pergunta.
Por acaso vocês estão sabendo que está para chegar ao
museu de história da cidade uma joia valiosíssima? Ela está a caminho da grande
metrópole. Devido ao seu longo percurso, ela fará uma parada de segurança aqui
na cidade. Ficará apenas uma noite no centro de documentação do museu, e
partirá no dia seguinte ao seu destino final. Ouvi dizer que estão trazendo,
junto com a pedra, um sistema de vigilância de ultima geração para fazer
segurança desta joia. Fred diz com uma feição séria. Suas palavras soavam retas, diretas e
pronunciadas claramente. Nem parecia aquele Fred brincalhão que todos
conheciam.
Que pedra é
essa? Pergunta Tânia disfarçando o
espanto na feição do amigo.
Mas o que isso tem a ver com a
conversa? Indaga Steve antes mesmo que Fred pudesse responder a pergunta de
Tânia. Não entendia o que aquela tal pedra tinha a ver com a conversa, mas
tinha certo receio do que poderia sair da boca de seu amigo. A julgar pela
postura que Fred tomara, não seria boa coisa. E tinha medo disso.
Com um leve sorriso sórdido no canto da
boca, Fred faz uma pergunta a Steve que o deixa paralisado, com os olhos
fixados num ponto qualquer da jaqueta de Fred. Pareciam estar fixados no vazio.
Tânia, assim como Steve, pareceu ter recuperado subitamente a sobriedade e
fixou seu olhar em Steve. Será que você consegue quebrar este sistema?
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