Na manhã seguinte, como combinado, Steve e Tânia aguardavam em frente à
porta principal da empresa do seu tio. Meu tio vai me matar se descobrir que
invadi sua empresa que tanto ama. Enquanto ele está à beira da morte em uma
cama de hospital, eu estou aqui esperando para planejar um roubo. Ele está
atrasado quase duas horas! Disse
Steve andando de um lado a outro. Estava ficando cada vez mais ansioso com
aquela espera.
Invadir? Tânia rebate as palavras de Steve. Não era isso que você me dizia quando me
trazia aqui para passarmos a noite!
Bom dia senhores! Fred os cumprimenta enquanto dobrava a esquina.
Qual o plano? Tânia
pergunta impaciente.
Calma. Que tal entrarmos primeiro. Lá dentro é mais
seguro. Disse
à Tânia enquanto dava um sinal ao Steve indicando para que abrisse a porta.
Steve puxou o molho de chaves e procurou aquela que
permitiria abrir a porta que por muito tempo sempre tivera orgulho de abrir,
mas que agora daria tudo que podia para jamais possuí-la.
Ele
abriu-a com um gesto de hesitação. Todos passaram pela porta e ele
certificou-se de trancá-la novamente e deixou a chave pendurada, virada a meio
caminho, a fim de que se alguém mais tivesse a brilhante ideia de comparecer à
empresa, não conseguisse abrir a porta bloqueada pela chave.
Eles subiram as escadas a passos largos. Steve sempre
a frente do grupo os conduzia até a sua sala.
Ao chegarem lá, Fred pediu a Steve para ligar o
computador. Este relutou um pouco, mas logo puxou sua cadeira e o fez. Fred
então solicitou uma pequena amostra da capacidade tão incrível que Tânia tanto enaltecia
em Steve.
Com o computador já ligado e esperando algum comando,
Fred solicitou para que Steve invadisse o sistema de comando dos correios e
alterasse os códigos postais das ruas e avenidas.
E porque eu
faria tal coisa? Indaga Steve.
Ah, eu sempre
odiei essas combinações de números e letras. Elas só embaralham minha mente. Responde Fred com ar de riso.
Steve, sem entender o porquê daquele pedido,
rapidamente invadiu o sistema e alterou os códigos com uma velocidade incrível.
Era como se estivesse desenhando em um quadro negro pela tamanha facilidade com
que lidava com os códigos codificados. Fred esboçava um olhar de satisfação
como de um maníaco que conquistou seu desejo com sua vitima.
Aí está! O que você quer que eu faça
com o museu de história? Indaga Steve com pouco de desprezo por Fred que
pareceu não se importar com as palavras do amigo.
Ótimo Steve. Exclama. Olhe, não quero nada de mais, apenas
que você bagunce aquele sistema de segurança. Ouvi uma conversa do prefeito
Mark com o delegado Johnson durante o festival de primavera. Havia acabado de
chegar lá quando os vi conversando em frente à barraca de pastéis. Eu estava
logo ao lado, na barraca dos bolos naquela hora em que deixei vocês dois
conversando.
Estava satisfazendo-me com meu bolo sem me importar
com nada.
Foi quando percebi que eles estavam muito próximos
conversando. Parecia se tratar de algo confidencial. Então, tratei de me
aproximar sem ser notado a fim de ouvir a conversa, e eu estava certo.
Eles disseram que esse sistema
tratava-se de um inovador com câmeras que ficariam em pontos estratégicos
espalhados pelo museu. Quero que você faça com que elas parem de funcionar
durante uns vinte minutos. Será que você consegue?
Não sei. Steve demonstra preocupação. Isso parece
arriscado demais Fred. Eu nunca tentei tamanha façanha. E se eu falhar? E se eu
não conseguir, ou conseguir por muito pouco tempo? Ou pior, e se eu for pego
invadindo o sistema? Não sei... Não vejo porque continuar com este plano
absurdo. Seremos pegos. Você está nos colocando em uma situação nada boa. Steve ainda tentava argumentar, mas nada adiantava.
Fred estava convicto de que conseguiria realizar seu plano.
A conversa continuou por longas horas. Quando eles se
dão conta já esta quase anoitecendo.
Tânia
havia saído para comprar uma pizza para aliviarem a fome que estava quase
tomada pela ideia de ficarem ricos.
O que essa tal pedra vai nos
favorecer? Pergunta Steve. É só uma pedra! Diz ainda tentando bolar outra forma de conseguir o dinheiro para
salvar seu tio, mas parecia inútil. A cada hora que pensava nisso, percebia que
não havia outra forma. Aquela era sua única alternativa.
Você está maluco? Interrompe Tânia adentrando a porta com a pizza em
mãos. Essa pedra vale muito dinheiro!
Mas como teremos esse dinheiro? Steve parecia inocente na conversa. Não iremos conseguir vendê-la assim em
qualquer esquina!
Consigo
compradores facilmente Steve. Responde Fred. Quanto a isso não precisa
se preocupar. Só precisamos falar, todos nós, a mesma língua. Fred diz enquanto da uma abocanhada em um
pedaço de pizza. E quando estivermos com a pedra em mãos, vamos nos mandar
desta cidade. Vamos para a Capital. Ficaremos milionários!
Steve apenas observava os gestos de Fred.
Pense Steve. Você poderá fazer tudo aquilo que sempre
sonhou. Isso não é maravilhoso?
Não sei. Responde
Steve com um tom de desprezo.
Ah Steve, deixe de ser um velho
ranzinza! Tânia retruca. Você já está
me estressando com essa indecisão. Você sabe que precisa dessa grana, então
pare de fazer charme e aceite logo que nós devemos fazer isso. É o melhor para
todos!
Steve sente seu sangue ferver pelas
palavras de Tânia. Ele não queria que Fred soubesse sobre seu tio e,
principalmente, odiava ser desafiado. Sentia-se inferior e menosprezado,
considerado incapaz de realizar algo que pode realizar. O problema era que
Tânia também sabia disso.
Está bem então. Vocês querem isso? Então estou dentro!
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